Dinâmico em suas práticas e dotado de uma grande capacidade de articulação e reivindicação visando melhorias
sociais e soluções para os problemas cotidianos, o movimento comunitário ainda pode ser entendido como uma das
principais ferramentas democráticas de defesa dos interesses coletivos de um bairro. E é diante desse contexto que
encontramos as Associações de Moradores, que são instituições criadas pela iniciativa da população com a
finalidade de se criar uma representação politica, frente a própria localidade e perante ao poder publico instituído.
E na medida em que as contradições se fazem mais presentes e a carência na oferta de equipamentos e serviços
sociais se tornam mais visíveis à população de um bairro, surgem as lideranças comunitárias, que são agentes
legitimados para atuar nas Associações de Moradores, que nessas ocasiões, passam a ser consideradas como palco
principal para as mobilizações e formulação de estratégias para a consolidação de um quadro de lutas e
reivindicações.
Historicamente, as Associações de Moradores foram instrumentos relevantes para a conquista da democracia no
país. Assim como os sindicatos, partidos políticos, igrejas e entidades estudantis, o movimento comunitário também
foi um importante foco de resistência aos regimes ditatoriais iniciados na década de 1960 e responsável pela
implementação de uma nova relação entre o Estado e a sociedade civil. Indiscutivelmente, a história das políticas
públicas no Brasil tem uma de suas origens nos movimentos de bairros.
Diante disso, mesmo vivenciando uma outra realidade social, não podemos esquecer que o sucesso das políticas
sociais devem ser compreendidas, principalmente pelo acúmulo de força e de articulação que o movimento
comunitário e as Associações de Moradores conseguiram ao longo das últimas décadas. Pois independente dos
novos espaços institucionalizados pela esfera governamental capazes de efetivar um diálogo permanente com
representantes ou lideranças comunitárias autônomas, as Associações de Moradores são espaços dotados de relativa
autonomia em relação aos partidos e aos governos, e isso faz com que as políticas sociais não se confundam ou se
tornem ações meramente assistencialistas, eleitorais ou paternalistas.
E nessa conjuntura, torna-se fundamental o reconhecimento das Associações de Moradores como organizações
capazes de incorporar elementos como: legitimidade, igualdade e transparência dentro da luta política e
fortalecendo assim, a busca pela superação das carências e das desigualdades sociais.
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