Não estão É NEM ai!


É lamentável presenciar as críticas elaboradas por vários setores da sociedade ao avaliarem a aplicação das provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) ocorridas durante o último final de semana (6 e 7 de novembro) de forma bastante negativa, principalmente devido a questões como: exigências sem fundamentos, desorganização e erros na impressão de algumas provas e gabaritos.


De fato, as falhas ocorridas na aplicação do exame são bastante relevantes para que se reconheça e se reflita sobre alguns problemas inerentes a essa alternativa criada, desde o ano de 2009 para o acesso de estudantes a universidades públicas. É válido ressaltar que defendo claramente na metodologia em adotar a nota do ENEM como referência para a seleção de novos estudantes por várias universidades do Brasil. Além de romper com antigas formas de seleção de estudantes, que serviam como indicadores de desigualdades sociais e favoraciam grupos educacionais que lucravam bastante com cursos preparatórios. Sabemos que o modelo das questões formuladas no ENEM, não são semelhantes as questões contidas nos antigos vestibulares que valorizavam o acúmulo de conhecimentos de forma mecanizada, que iam, desde as cansativas fórmulas matemáticas até as datas oficiais e os difíceis nomes de supostos heróis presentes ao longo da história da humanidade. Tudo isso, sem valorizar predicados como: senso crítico, interdisciplinaridade e conhecimentos gerais.

No entanto, o ENEM desse ano serviu não somente para testar o conhecimento dos candidatos, mas também, suas paciências com as séries de imposições para a realização de uma prova, deveras cansativas. Além da desigualdade de instalações dos locais de provas, de um lado, candidatos em locais sem a mínima condição de se fazer uma boa prova, devido ao calor, iluminação e barulho, enquantos outros candidatos faziam suas provas em condições mais favoráveis, em salas climatizadas, bancas confortáveis e silêncio. Bem, acredito que isso deve ser levado ao debate como um outro problema relacionado a organização do ENEM. Era triste ver, vários jovens saindo de seus locais de prova com uma expressão de cansaço, de derrota, e isso já no primeiro dia. Nem mesmo, acreditando que teria mais uma "maratona de questões" no dia seguinte.

Enfim, a medida que os anos vão se passar, os erros vão se manifestar em diversas formas, e consequentemente virão mais críticas e reprovações. Uma vez que, precisamos aproveitar esse momento para debatermos o ponto central da questão: Educação. Nenhuma sociedade avança de forma correta se não tiver uma preocupação racional com um modelo educacional que proporcione condições efetivamente favoráveis para a formação cidadã das novas gerações. Por que não adotar uma forma de seleção pautada nas vivências escolares construídas pelos estudantes, ao longo de sua vida pedagógica? Seria uma forma ideal para avaliar as competências de um estudante no acesso ao ensino superior, mas isso requer um esforço que vai além de uma gestão governamental e não renderia votos em um curto espaço de tempo. Além de implementar de fato uma educação pública de qualidade para todos os brasileiros, que iria afetar os famosos "Tubarões do Ensino Privado".

É nessa perspectiva que fico entristecido, não somente pelos erros contidos na prova do ENEM, mas também, lamento pelos estudantes que de fato, foram vítimas em todo esse processo avaliativo tão desgastante a pessoa humana.

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