Manifestação Pacífica Termina Com Repressão Policial e Violência Gratuita.

Tropa de choque atirou bombas de gás e de efeito moral em estudantes que protestavam contra aumento das passagens de ônibus da região metropolitana de Recife.

Cerca de 300 estudantes da região metropolitana de Recife foram brutalmente agredidos pela tropa de choque durante uma manifestação de rua na qual protestavam contra o aumento da tarifa das passagens de ônibus da cidade. A polícia disparou na multidão bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. Após o conflito, quatro estudantes foram detidos e muitos ficaram feridos.

As mobilizações contra o aumento começaram há cerca de uma semana, quando o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) apresentou ao Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), braço do Grande Recife Consórcio de Transporte responsável por decidir sobre o reajuste das tarifas das linhas que operam nos municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR), uma proposta de aumento de 17,2%. O valor das passagens passaria de R$ 2,00 para R$ 2,35 (passagens do Anel A) e de R$ 3,10 para R$ 3,60 (passagens do Anel B).

Os estudantes se organizaram por meio das redes sociais e panfletagem nas ruas e marcaram um primeiro ato para a manhã de hoje (20), quando aconteceria uma reunião do conselho para analisar a proposta de aumento. “É nosso exercer direito a cidadania, num debate político elevado, levando em consideração toda a necessidade de mobilidade urbana da população pernambucana. O aumento de passagens é retrocesso à grande necessidade de crescimento que nossas cidades precisam, está no contrapé do nosso desenvolvimento”, disse o presidente da UEP (União dos Estudantes de Pernambuco), Thauan Fernandes.

A concentração dos manifestantes começou por volta das 8 horas da manhã na escola Ginásio Pernambucano, de lá, marcharam para a Avenida Conde da Boa Vista, importante via de Recife. De acordo com relatos de participantes, a Tropa de Choque acompanhou a marcha durante todo o seu percurso. “Em dado momento, eles fecharam a nossa passagem, e foi aí que o atrito começou. Um grupo de estudantes correu em direção a um espaço que estava vago e a Tropa disparou contra eles”, disse a diretora de comunicação da UEP, Daniela Lins, que esteve presente.

A investida truculenta da polícia, que disparou bombas de gás lacrimogêneo e de gás, deixou diversos feridos. “Nessa hora tinha uma cadeirante no microfone para fazer uma fala, eles jogaram bomba de gás inclusive onde ela estava”, relatou Daniela. A multidão se dispersou e quatro estudantes foram arbitrariamente detidos e levados à delegacia.

Após esse primeiro atrito, os estudantes se reuniram novamente na Faculdade de Direito de Recife, decidiram, apesar da violência policial, voltar às ruas para continuar o protesto. Mais uma vez a tropa de choque iniciou um novo confronto. “Jogaram bombas de gás ate dentro da universidade”, prosseguiu Daniela.

Para Thauan Fernandes a violência policial representa um retrocesso na atuação dos governantes e dos comandantes da polícia “Foi uma ação completamente bizarra. O governo e a polícia precisam avançar e rever o seu posicionamento. Esperamos e vamos cobrar uma mudança de postura”, lamentou.

A reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano terminou com a aprovação de um aumento de 6,5% no valor das passagens. Para os manifestantes, o aumento continua sendo abusivo e novas estratégias de mobilização estão sendo estudadas.


Camila Hungria
Fonte: www.une.org.br

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